
Abril Verde: afastamentos por saúde mental batem recorde no Brasil
O Brasil registrou um dado alarmante em 2024: mais de 470 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais como ansiedade e depressão — o maior número da última década e um aumento de 68% em relação a 2023. Em meio à campanha Abril Verde, que alerta para a importância da saúde e segurança no ambiente de trabalho, o tema ganha ainda mais urgência.
O psicólogo e palestrante Valney José, especialista em saúde mental com atuação em mais de 100 cidades da Bahia, aponta que o adoecimento emocional no trabalho é reflexo de um problema estrutural. “A sobrecarga, a insegurança no emprego e a dificuldade em equilibrar vida e carreira são gatilhos frequentes. Precisamos de políticas públicas e ações dentro das empresas que priorizem o bem-estar psicológico”, alerta.
Valney é idealizador do projeto “Diálogos Musicados Sobre Saúde Mental”, que combina música e bate-papo para abordar temas emocionais de forma leve e acessível. Ele já levou suas palestras e oficinas a empresas como RH Magnesita (Brumado), Indústria Flor do Vale (Mutuípe), Equinox Gold (Teofilândia) e ao Hospital Incar (Santo Antônio de Jesus), além de participar de jornadas pedagógicas em diversos municípios baianos.
A crise de saúde mental no trabalho não acontece isoladamente. Ambientes tóxicos, assédio, metas inatingíveis e a falta de reconhecimento são fatores que agravam o cenário. Para o psicólogo, criar espaços de acolhimento, investir em escuta ativa, flexibilizar rotinas e garantir apoio psicológico são estratégias essenciais.
O Ministério do Trabalho, diante do aumento de afastamentos, atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), reforçando diretrizes para prevenção de riscos psicossociais e promoção de ambientes mais saudáveis. A nova norma recomenda ações como avaliações psicológicas, canais para denúncias de assédio e programas de suporte emocional.
Para Valney, é preciso encarar o cuidado emocional como investimento. “Empresas que cuidam da saúde mental colhem mais produtividade, menos afastamentos e um ambiente de trabalho mais saudável”, conclui.