Caixa Cultural Salvador apresenta peça “Para Meu Amigo Branco”
A CAIXA Cultural Salvador apresenta, de 5 a 7 de julho (de sexta a domingo), a peça Para Meu Amigo Branco, sobre a história de um homem que, em uma reunião escolar entre pais e professores, levanta um importante debate sobre racismo: sua filha de 8 anos foi chamada de “negra fedorenta” por um colega branco. Com direção de Rodrigo França, a temporada tem patrocínio da CAIXA e do Governo Federal. Todas as sessões terão tradução para libras.
Na trama, enquanto a escola prefere lidar com a questão da violência contra a garota apenas como bullying, seu pai, interpretado por Reinaldo Junior, luta para mostrar aos presentes que a situação é bem mais complexa. O impasse ganha novos contornos quando um pai branco, interpretado por Fernão Lacerda, inicialmente solidário à causa, muda de comportamento ao descobrir que seu filho é o responsável pela agressão.
O texto é assinado por Rodrigo França e Mery Delmond, inspirado no livro homônimo do jornalista e ativista social Manoel Soares. A ideia é que personagens brancos e negros discutam o racismo em cena, estimulando a plateia a refletir sobre as suas ações cotidianas. Para isso, o público deixa de ser passivo. “A encenação faz o possível e o impossível para que as pessoas esqueçam que estão no teatro e mergulhem na realidade da reunião escolar. Ou seja, além de os espectadores estarem posicionados como se estivessem dentro da ação, a atriz que interpreta a professora circula entre todo mundo, incluindo todos os presentes naquele ambiente. O espetáculo fala sobre uma figura paterna incansável, que não tolera o racismo e deixa isso bem claro. A peça clama por dignidade. O texto defende que só é possível respeitar o outro se enxergarmos a humanidade do outro”, defende França.
O diretor Rodrigo França ressalta ainda a importância de apresentar um espetáculo com uma temática tão relevante e atual em Salvador, cidade mais negra fora da África. “Realizar este espetáculo em Salvador, a cidade mais negra do Brasil, carrega um significado profundo. A temática do racismo na escola ganha ainda mais relevância aqui, onde a identidade e a resistência da comunidade negra estão tão presentes. Queremos somar ao provocar reflexões e debates que vão além do palco, ecoando na vida cotidiana, para que possamos mostrar as fissuras da sociedade que está longe de ser justa e igualitária”, pontua.
O espetáculo chega a Salvador após bem-sucedidas temporadas no Rio de Janeiro, em 2023, e em São Paulo, em 2024. A peça venceu o edital Sesc RJ Pulsar e foi indicada ao Prêmio Shell (2023) de melhor cenário.
Bate-papo com o público:
Além das apresentações, na quarta-feira (03), às 19h30, será realizado bate-papo aberto ao público com o diretor Rodrigo França. No encontro, o diretor vai apresentar o lançamento do seu livro “O menino e sua árvore”, que fala sobre a importância da ancestralidade, de reverenciar a sabedoria dos mais velhos, do acolhimento da família e do amor que faz as pessoas se sentirem confiantes e orgulhosas de suas origens.
Na sexta (05), Manoel Soares participará de um bate-papo e sessão de fotos com o público após o espetáculo. Já no sábado (06), é a vez da autora Mery Delmond participar de um bate-papo com o elenco e a plateia após a apresentação.