Câncer de colo do útero: Bahia lidera casos no Nordeste; especialistas alertam para prevenção

No Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, celebrado em 26 de março, especialistas reforçam a importância da vacinação contra o HPV, do exame preventivo e da adoção de práticas sexuais seguras. A Bahia lidera o número de novos casos da doença na região Nordeste, com estimativa de 1.160 diagnósticos em 2024, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

O câncer de colo do útero é o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de mama e do colorretal. O INCA estima que, em 2025, o país registre cerca de 17 mil novos casos da doença. O Ministério da Saúde destaca que, anualmente, aproximadamente 6,5 mil mulheres morrem em decorrência desse tipo de câncer.

HPV: principal fator de risco

Cerca de 90% dos casos de câncer cervical estão associados à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), transmitido principalmente por relações sexuais sem proteção. Os subtipos HPV-16 e HPV-18 são os mais perigosos, responsáveis pela maioria dos casos.

Estudos comprovam que a vacina contra o HPV reduz significativamente a incidência da doença. Segundo a oncologista Luciana Landeiro, da Oncoclínicas na Bahia, a imunização antes do início da vida sexual é essencial para prevenir a infecção. Para ampliar a cobertura vacinal, o Ministério da Saúde estendeu a faixa etária da vacina gratuita no SUS para jovens de até 19 anos e incluiu novos grupos prioritários, como usuários de PrEP e imunossuprimidos.

O oncologista Daniel Brito ressalta que a vacinação protege não apenas contra o câncer de colo do útero, mas também contra outros tumores relacionados ao HPV, como os de orofaringe, ânus e pênis.

A importância do exame preventivo

Além da vacinação, o exame Papanicolau continua sendo fundamental na detecção precoce da doença. A oncologista Daniela Galvão explica que o exame pode identificar lesões precursoras do câncer, permitindo um tratamento antes da evolução para um tumor.

A recomendação do INCA é que mulheres entre 25 e 64 anos que já tenham iniciado a vida sexual realizem o exame preventivo regularmente.

Tratamento e desafios

O tratamento do câncer de colo do útero depende do estágio da doença e pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia. “Com os avanços da medicina, os tratamentos estão mais eficazes e menos invasivos”, destaca a oncologista Hamanda Nery Lopes.

Apesar de ser uma doença altamente prevenível, a baixa adesão à vacinação e a falta de informação ainda representam desafios. Especialistas alertam para a importância da conscientização e da adesão às estratégias de prevenção para reduzir a incidência do câncer cervical.