Do Oscar à folia: Um Carnaval de Estatuetas Vivas

O domingo do Carnaval de Salvador foi um verdadeiro desfile de premiações. Se no cinema o Brasil celebrou seu primeiro Oscar com “Ainda Estou Aqui”, nas ruas da cidade os verdadeiros troféus estavam em carne, osso e suor.

O Filhos de Gandhy, com seus turbantes brancos e colares azuis, foi um monumento da paz e da resistência cultural. A emoção de vê-los passar pelo centro histórico é algo que só quem já desfilou pode entender. É mais do que uma manifestação artística – é um ritual que conecta o presente com a ancestralidade.

A riqueza do Carnaval baiano se reflete na variedade de ritmos e artistas que se espalham pelos circuitos.

No Barra-Ondina, o axé encontrou o samba-reggae, o pagodão e até o arrocha em uma mistura que só a Bahia sabe fazer. Bell Marques fez o povo correr, Olodum fez o chão tremer, Daniela Mercury espalhou sua energia inconfundível, e a tradição do frevo elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar mostrou que o trio elétrico continua sendo uma invenção revolucionária. Enquanto isso, no Campo Grande, Margareth Menezes, Afrocidade e Thiago Aquino provaram que Salvador tem espaço para todas as batidas e estilos.

E como se já não bastasse a grandiosidade das ruas, o Pelourinho foi palco de um momento histórico. A consagração do primeiro Oscar brasileiro transformou o Largo em uma arquibancada espontânea de celebração. O vídeo da multidão pulando como se fosse um gol na final da Copa simboliza o que esse carnaval significa: arte, cultura e pertencimento.

A Bahia sempre soube fazer história. E neste domingo de festa e emoção, ficou ainda mais claro que nosso carnaval é um Oscar diário da cultura popular.

Foto – Rafaela Araúja/Folhapress