Espetáculo baiano “Um Fio para Liberdade” traz denúncia potente sobre abuso infantil
No mês de conscientização contra a violência sexual infantojuvenil, o Maio Laranja, o teatro baiano levanta a voz em forma de arte. O espetáculo “Um Fio para Liberdade”, escrito e dirigido pelo dramaturgo Robson Raycar, estreia neste domingo (25) no CineTeatro 2 de Julho, em Salvador. A montagem terá três sessões: uma acessível e gratuita às 17h, uma paga às 19h, e uma social no dia 27, no Colégio Central.
A peça, encenada pela Trupe 7. com, aborda a delicada história de Lorena, uma adolescente que sofre violência sexual dentro da própria família e encontra na arte uma forma de resistência e libertação. Interpretada por Ariele Pétala, a personagem lança luz sobre milhares de crianças e adolescentes que enfrentam abusos diariamente no Brasil.
“Lorena é um grito. É dar voz àquelas que não conseguiram gritar. Esse espetáculo é duro, necessário, mas também é um ato de amor e empatia”, afirma Ariele. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Bahia registrou, apenas entre janeiro e maio de 2024, 11 denúncias de abuso infantil por dia — um alerta que o espetáculo transforma em reflexão.
Além da violência doméstica, o texto também discute o papel do fundamentalismo religioso na manutenção da cultura do estupro, expondo o conflito entre a fé cega da mãe da personagem e o sofrimento da filha. “A peça é um convite à escuta. Com toques sutis de humor e muito cuidado, buscamos provocar sem deixar de acolher”, destaca o diretor Robson Raycar.
A montagem tem classificação indicativa de 12 anos e conta com acessibilidade em Libras, garantida pelo projeto Libra Mais, coordenado por Eurides Nascimento. O espetáculo tem apoio do CineTeatro 2 de Julho, Irdeb, Governo do Estado, CineTeatro Solar Boa Vista, além de empresas parceiras.
Em tempos de silenciamento, “Um Fio para Liberdade” surge como um grito coletivo por justiça, dignidade e proteção à infância.
