Espetáculo instalação (NU) Madrugada me Proteja estréia no MAFRO no dia 5 de julho
A palavra de ordem do espetáculo instalação (NU) Madrugada me Proteja é constrangimento. Com texto de Cuti e Leno Sacramento em colaboração com o elenco, é possível tocar aqueles, que mesmo não tendo a pele preta, entendem o que é ficar constrangido ao ter que se despir diante da sociedade, e esta não é uma metáfora. Em cartaz no mês de julho, no Museu Afro Brasileiro UFBA (MAFRO), sempre as sextas às 19h e sábados às 17h. A peça é um convite ao debate e reflexão sobre a naturalidade do racismo que expõe os corpos até que fiquem nus.
Para dar vida aos personagens, pela primeira vez na CIA, o elenco foi formado através de uma audição, onde sete atores apresentam três histórias diferentes que acontecem simultaneamente, mas que tem um ponto em comum: o constrangimento.
Ganhador do Prêmio Braskem de Teatro como Melhor Diretor de 2023 pelo espetáculo “A Resistência Cabocla” do Bando de Teatro Olodum, Leno Sacramento joga luz sobre episódios do cotidiano que continuam acontecendo, e reforça a ideia de que o espetáculo é um combate ou um esclarecimento pra que situações como essa não sejam normalizadas.
“É evidente o constrangimento do ser humano em ficar nu diante da sociedade. A questão com o corpo é um tabu que inibe e, muitas vezes, humilha. Esta sensação é comum ao povo preto, mesmo que as roupas não sejam tiradas. É muito constrangedora a sensação de ser observado em tempo integral. No espetáculo, temos três estórias que se entrelaçam, em que os personagens são levados a ficar nus diante de uma situação. O constrangimento é uma poderosa imagem capaz de trazer empatia, mesmo por aqueles que não passam por situações como esta”, defende.
Ainda segundo Leno Sacramento, esse espetáculo é destinado a todos os públicos, pois se trata de um assunto ignorado por muitos, mas que se faz presente em nosso cotidiano.
“A Cia Encruzilhadas adoraria estar, neste momento, fazendo uma comédia, ou abordando temáticas distintas das questões ligadas ao desrespeito ao povo preto, mas ainda não estamos nesse momento, pois há muito o que falar sobre as condições a que estamos expostos todos os dias, e por isso – não vamos parar”, destacou.
Espetáculo Instalação
Pela primeira vez nesta Cia, o espetáculo foi pensado para ser expositivo, pois tudo é para ser visto, sempre. Todas as estruturas do espetáculo, cenografia, figurino, iluminação e sonorização fazem parte de uma grande instalação cênica onde tudo é para ser lido enquanto estrutura que expõe os corpos pretos. A escolha e parceria com o MAFRO vai inaugurar uma nova perspectiva ao local, que a partir desta data vai receber projetos cênicos com temáticas ligadas à negritude.