Experiências com coleta seletiva e reciclagem avançam em Busca Vida
A reciclagem é considerada uma ação muito importante para o futuro do país e do planeta por 99% dos brasileiros, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. De acordo com a sondagem, 54% afirmam ter coleta seletiva onde moram, mas, mesmo assim, 1 em cada 3 (33%) desses brasileiros com acesso a esse serviço ainda não separa seus resíduos recicláveis em casa. O Brasil é o quarto país que mais produz lixo no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, da China e da Índia, segundo dados do Fundo Mundial para a Natureza (WWF). De acordo com o órgão, somente no país são 11,35 milhões de toneladas de resíduos produzidos por ano, sendo o plástico um dos elementos que mais se destacam no descarte.
Alinhado com o objetivo de fazer a diferença em prol de um ambiente mais saudável e sustentável, o Condomínio Busca Vida (CBV), localizado numa Área de Proteção Ambiental (APA), no litoral norte baiano, vem promovendo campanhas educativas e desenvolvendo iniciativas próprias junto aos seus moradores e a comunidade do entorno para a necessidade do descarte do lixo nos locais corretos.
Diversas experiências de coleta seletiva acontecem no Buscaville, o maior subcondomínio do CBV com suas 365 unidades e cerca de 1280 moradores. Há uma parceria com uma cooperativa de Lauro de Freitas e foi implantada uma busca ativa direta da coleta seletiva na residência dos próprios condôminos, o que vem aumentando a participação. O Buscaville mantém uma parceria com o Vale Luz, um projeto da Neoenergia Coelba, que prevê diversos benefícios, como a troca de resíduos sólidos por descontos na conta de luz, a partir do peso recolhido. Já o lixo eletrônico e os eletrodomésticos são direcionados à ONG Projeto Ilhas, que encaminha os resíduos a comunidades carentes como forma de estimular o aprendizado e a capacitação profissional. Há também uma parceria com um movimento social chamado Tampet e que utiliza certos materiais plásticos, como tampinhas e lacres, para atendimento e castração de animais de rua.
No subcondomínio Vida Marina, com 64 moradias e cerca de 200 moradores, estão instalados quatro contêineres para separar metal e alumínio; papel e papelão; vidro; e plástico pet e injetado. O material é destinado à Coopmark, uma cooperativa de Camaçari que tem licença para recolher os resíduos a cada 15 dias e fazer a triagem, gerando renda aos cooperados.
Conscientização sobre o descarte de resíduos
“O abandono inadequado de resíduos nos ecossistemas costeiros, principalmente plásticos e materiais eletrônicos, pode causar danos irreparáveis aos habitats marinhos e terrestres, bem como prejudicar a saúde das pessoas”, explica Marcelo Dourado, síndico administrador do CBV. De acordo com ele, é preciso levar também em consideração a preservação das glebas dos vizinhos e demais moradores, pois a negligência no descarte de resíduos em áreas sensíveis da APA, como praia, lagoa, restingas, matas e dunas, pode afetar a qualidade do solo, contaminar lençóis freáticos e comprometer a saúde de todos que dependem desses recursos naturais.
“Nossa orientação aos frequentadores da praia é que sempre levem consigo sacos para recolhimento do lixo ao deixá-la, fazendo o descarte consciente em local apropriado. Se estes resíduos coletados são passíveis de reciclagem, como, por exemplo, plásticos, garrafas, latinhas, entre outros, os mesmos devem ser depositados nos ecopontos distribuídos junto ao acesso à praia, nas vias de circulação e na sede da administração”, destaca.
Entre as recomendações feitas pela Comissão de Meio Ambiente do CBV estão o fato de não misturar o lixo comum com o eletrônico, originário de computador, tablet, celular, baterias diversas e afins, que deve ser descartado de maneira correta, uma vez que esses materiais possuem componentes tóxicos prejudiciais ao meio ambiente e nocivos aos seres humanos.
Segundo Marcelo Dourado, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável, a coleta seletiva e a reciclagem estimulam a economia mundial, já que, segundo a ONU, somente o mercado global de resíduos eletrônicos movimenta aproximadamente US$ 400 bilhões por ano.