Governo estuda pagar Bolsa Família via bancos comunitários e fortalecer economia local

O Governo Federal está avaliando uma proposta que pode transformar a forma como os benefícios sociais, como o Bolsa Família, são pagos no Brasil. A ideia é que parte desses repasses, que movimentam R$ 170 bilhões por ano, passem a ser realizados por meio de bancos comunitários, com o objetivo de estimular a economia local e gerar renda nos municípios, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

A informação foi confirmada pelo diretor de Parcerias e Fomento da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Fernando Zamban, durante o Festival Brasil Nordeste de Economia Popular e Solidária, que aconteceu em Salvador. Segundo ele, as conversas com a Caixa Econômica Federal e o Ministério do Desenvolvimento Social já estão avançadas.

O modelo pretende utilizar moedas sociais que circulam apenas dentro do território de cada banco comunitário, promovendo o consumo no comércio local e fortalecendo pequenos negócios. A proposta é começar com um número reduzido de municípios e, gradualmente, expandir para outras localidades com bancos já estruturados.

A Bahia já conta com 10 bancos comunitários ativos, que integram políticas da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). O secretário da Setre, Augusto Vasconcelos, destaca que essas iniciativas têm sido fundamentais para a geração de renda e fortalecimento de empreendimentos locais. “Temos mais de 700 milhões de reais emprestados via o CrediBahia, impulsionando quem não teria acesso ao crédito tradicional”, afirma.

Segundo Joaquim Melo, fundador do Banco Palmas, as moedas sociais já movimentaram cerca de R$ 1 bilhão em 2024 e funcionam como cartões pré-pagos, válidos apenas em seus territórios. Quando necessário, os valores podem ser convertidos em reais.

A expectativa é que a medida ajude a reter recursos nas comunidades, promovendo desenvolvimento “de baixo para cima”. Se apenas 10% do Bolsa Família fosse pago via bancos comunitários, milhões seriam reinvestidos diretamente nos territórios, segundo Melo.

A criação de um Sistema Nacional de Finanças Solidárias também está em discussão, integrando cooperativas de crédito, fundos rotativos e plataformas digitais como o e-dinheiro. O objetivo: ampliar o alcance e a autonomia das finanças populares no Brasil.