
Hábitos saudáveis a partir dos 40 podem adiar sintomas do Alzheimer
Adotar um estilo de vida saudável a partir da meia-idade pode fazer toda a diferença na saúde cerebral e ajudar a adiar o surgimento de doenças como o Alzheimer, segundo especialistas. De acordo com estudos recentes, cerca de 40% dos casos de demência estão ligados a fatores de risco modificáveis, como sedentarismo, obesidade, hipertensão, depressão e isolamento social — todos passíveis de controle com mudanças na rotina.
Embora os sintomas do Alzheimer geralmente surjam após os 65 anos, a fase silenciosa da doença pode começar até 20 anos antes, o que reforça a importância de iniciar os cuidados o quanto antes. O neurologista Thiago Junqueira, doutor em Ciências pela USP, destaca que o cérebro é um órgão “plástico”, capaz de se adaptar, e que há uma janela de oportunidade para prevenção baseada em hábitos diários.
No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com Alzheimer, número que pode triplicar até 2050. A dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce é um dos grandes desafios, com 80% dos casos não diagnosticados, segundo o Relatório Nacional sobre Demências (RENADE).
Entre as principais estratégias preventivas está a chamada Medicina do Estilo de Vida, baseada em seis pilares: alimentação saudável (à base de vegetais), prática regular de atividade física, sono de qualidade, controle do estresse, vínculos sociais positivos e redução do uso de álcool e tabaco. Essas práticas se alinham às recomendações da Comissão da revista científica The Lancet, que também aponta fatores como perda auditiva não tratada, baixa escolaridade e poluição como agravantes do risco.
A dieta MIND, que combina a mediterrânea com a DASH, é uma das mais indicadas para proteger o cérebro, junto com exercícios que melhoram a oxigenação e a neuroplasticidade. O sono reparador e o manejo do estresse também são essenciais para evitar o acúmulo de proteínas ligadas ao Alzheimer.
“Prevenir não é garantir que a doença não venha, mas sim adiar e reduzir seus impactos”, reforça Dr. Junqueira. “O cérebro responde aos nossos hábitos.”