Mulheres negras e lúpus: reumatologista alerta sobre doença que atinge mais afrodescendentes
No mês da Consciência Negra, um tema de saúde urgente precisa de atenção: o lúpus, doença autoimune que afeta até quatro vezes mais as mulheres negras, segundo o Ministério da Saúde. Essa disparidade é particularmente relevante em Salvador, cidade que abriga a maior população negra fora da África.
De acordo com a Dra. Viviane Machiccado, reumatologista do Instituto Bahiano de Imunoterapia, as mulheres negras não apenas têm maior propensão a desenvolver lúpus, mas também enfrentam formas mais graves da doença. “Essa prevalência está ligada a fatores genéticos, sociais e ambientais, e o lúpus pode comprometer múltiplos órgãos como rins, pele, articulações e cérebro, dificultando o diagnóstico devido a seus sintomas variados, como fadiga, febre, manchas na pele e anemia,” explica.
Diagnóstico precoce é vital
A demora no diagnóstico pode ser fatal. Segundo Dra. Machiccado, “o reconhecimento precoce do lúpus é essencial para iniciar terapias antes que danos irreversíveis ocorram, protegendo órgãos vitais e melhorando a qualidade de vida da paciente.”
Avanços no tratamento
Nos últimos anos, terapias biológicas têm transformado o manejo da doença. Medicamentos como o Anifrolumabe e o Belimumabe (este último, incluído no Rol de Procedimentos da ANS) estão ampliando as possibilidades de controle, especialmente em casos de nefrite lúpica, uma inflamação renal grave associada à doença. “Combinado a outras terapias, o Belimumabe pode reduzir a atividade da nefrite e melhorar a função renal,” comenta Dra. Machiccado.
Apesar dos avanços, os medicamentos biológicos exigem precaução. Eles podem aumentar o risco de infecções e reações alérgicas, tornando indispensável o acompanhamento médico regular.
Futuro promissor
Pesquisas estão investigando terapias inovadoras, como as células CAR-T, que prometem potencialmente eliminar a autoimunidade. No entanto, estudos adicionais são necessários para validar sua eficácia e segurança.
Cuidados e conscientização
Para combater o impacto desproporcional do lúpus em mulheres negras, é fundamental promover a conscientização sobre os sintomas e a importância do diagnóstico precoce. “As pacientes devem buscar tratamento adequado ao primeiro sinal de alerta para evitar complicações graves,” reforça Dra. Machiccado.