Primeiro Festival Literário de Capoeira da ACBEU terá lançamento de livro sobre a temática
A Associação Cultural Brasil-Estados Unidos (ACBEU) vai promover o primeiro Festival Literário de Capoeira no próximo sábado (27), das 9h às 13h, na Avenida Magalhães Neto, Pituba. O evento gratuito e aberto a todos os públicos, vai contar com uma programação diversa que inclui o lançamento do livro “Mandiga Cantada: O Livro de Cantigas do Mestre Cachaça”, de João Carlos da Hora, professor de educação física, tradutor, intérprete de língua inglesa, compositor e músico entusiasta.
A iniciativa visa fortalecer o compromisso da ACBEU com a promoção da cultura e literatura, destacando a capoeira como uma tradição, arte e expressão cultural brasileira. “Este primeiro evento literário dedicado à capoeira é um marco significativo para nós, e reafirma nosso empenho em celebrar as diversas manifestações culturais do Brasil, incluindo a capoeira, que é essencial para nossa identidade cultural e histórica”, ressalta Ticiano Cortizo, superintendente da ACBEU.
O evento contará com a abertura musical da cantora Ana Vitória, conhecida por sua habilidade como intérprete de cantigas no Festival Maria Felipa, onde foi finalista e colaborou na gravação do disco do festival. Atualmente, Ana percorre o Brasil apresentando composições autorais.
Durante a programação, haverá uma Roda de Conversa centrada no processo de editoração do livro “Mandiga Cantada”, com a participação de Cristina “Gandaia” Fazzito, renomada artista plástica e ilustradora do livro; Thaize Carvalho, doutora em Direito Público, professora de capoeira e advogada criminal; Josenéia Costa, professora e ativista pela igualdade racial e educação antirracista; e Mitian Barbosa, revisor especializado em gramática e texto, com ampla experiência no mercado editorial.
Música, Feira, Exposição e Oficinas
Os participantes poderão desfrutar de uma Intervenção Musical com Calu Manhães, estudante de Música Popular na UFBA, conhecida por seu estilo eclético que abrange samba, forró, jazz e outros gêneros musicais. Além disso, terão a oportunidade de explorar obras literárias e produtos artesanais, como camisas, acessórios e instrumentos relacionados à capoeira, na Feira de Livros de Capoeira e na Exposição da Casa do Berimbau.
Para os interessados em aprimorar suas habilidades vocais, haverá uma Oficina de Canto, aberta a todos os níveis de experiência, liderada por Isabela Severo, talentosa especialista em educação e música. Outra atividade destacada será a Oficina Literária, que apresentará autores como Cristina “Gandaia” Fazzito, o mestre de Capoeira e fundador da Associação de Capoeira Urucungo, professor de educação física e mestre em educação pela UFBA, Carlos Ferreira da Silva Filho; e da capoeirista e mestra em educação pela UFBA, Francine Simplicio Figueiredo, uma das autoras do livro “Maltas de saia: Histórias das mestras de capoeira da Bahia”, A programação culminará com o lançamento do livro sobre a Salvaguarda da Capoeira da Bahia.
Sobre João Carlos da Hora
João Carlos da Hora, conhecido como Mestre Cachaça, é um capoeirista nascido em Salvador que enriqueceu sua formação cultural participando de manifestações folclóricas em Taperoá, Itaparica e Ilhéus. Após quase 10 anos se apresentando internacionalmente, Mestre Cachaça retornou a Salvador para se dedicar ao ensino da capoeira e à luta por políticas públicas em benefício da capoeira e dos capoeiristas junto a Salvaguarda da Capoeira da Bahia.
Sobre a obra
A obra “Mandinga Cantada, o livro de cantigas do Mestre Cachaça” reúne as quadras, chulas e corridos, cantigas tradicionais da capoeira regional de Salvador, escritas pelo autor. As quadras, que no início desta compilação, focaram nos rituais e características identitárias da capoeira regional baiana de Mestre Bimba, também deram espaço a um trabalho de pesquisa sobre as revoltas do povo africano contra a escravidão na Bahia, que se desenvolveu durante o processo de criação. Foram transformados em cantigas fatos e contos sobre a Revolta dos Búzios, a Revolta dos Malês, A Revolta da Chibata, as heroínas do 2 de julho e os soldados escravizados recrutados à Guerra do Paraguai.
Mestres e Mestras de capoeira de Salvador são homenageados em versos assim como postumamente honrados estão o Professor Jorge Portugal e o Maestro Leitieres Leite. As chulas e corridos abordam temas didáticos como a capoeira infantil e escolar, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, a valorização da mulher capoeirista, o acolhimento ao capoeirista estrangeiro, afirmação da cultura sacra africana na origem da capoeira além de personagens e locais relacionados à capoeira regional de Salvador. Todas as canções foram traduzidas para a língua Inglesa e 15 dessas cantigas foram interpretadas e ilustradas pela artista Cristina Fazzito Gandaia.
O objetivo da obra é inteiramente didático e direcionado a capoeiristas de todas as idades. Para trazer nomes tão significativos para a roda de capoeira e incentivar a pesquisa através de versos e rimas. O projeto conta com a participação de profissionais capoeiristas, soteropolitanos e trabalhadores da cultura baiana.