
Procedimento minimamente invasivo oferece nova alternativa para hipertensão resistente
Uma nova técnica está ganhando espaço como alternativa eficaz para o controle da hipertensão arterial grave, especialmente em casos que não respondem ao tratamento com medicamentos. É a denervação renal percutânea, um procedimento minimamente invasivo que utiliza radiofrequência para reduzir a atividade de nervos ligados à regulação da pressão arterial.
Indicada para pacientes com hipertensão resistente — ou seja, que usam pelo menos cinco tipos de medicamentos em doses máximas, mantêm dieta e prática de exercícios, mas ainda assim não controlam a pressão — a técnica já é aplicada em hospitais da rede privada de Salvador e tem se mostrado promissora no combate à doença.
O procedimento é realizado com a inserção de um cateter pela virilha, que chega até as artérias renais. Através dele, são emitidos pulsos de radiofrequência que atuam nos gânglios simpáticos da parede arterial. “Com isso, conseguimos diminuir o estímulo que contribui para o aumento da pressão arterial”, explica o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara.
Os efeitos não são imediatos, mas começam a surgir algumas semanas após o procedimento. Estudos indicam que os benefícios podem durar por até um ano, com redução média de 10 mmHg na pressão sistólica — o que já representa um ganho importante na prevenção de infartos, AVCs e outras complicações graves.
Segundo Câmara, a técnica não substitui o tratamento convencional, mas pode reduzir a necessidade de medicamentos e oferecer mais qualidade de vida aos pacientes. “É uma ferramenta a mais contra uma condição que, muitas vezes, é silenciosa, mas extremamente perigosa”, destaca.
Antes de realizar a denervação, o paciente precisa passar por uma avaliação criteriosa para descartar outras causas da hipertensão, como distúrbios hormonais ou apneia do sono. O equipamento utilizado é da linha Symplicity, da Medtronic, com tecnologia de ponta que permite a aplicação simultânea em quatro pontos da artéria, aumentando a eficácia e reduzindo o tempo do procedimento.
A pressão alta continua sendo uma das maiores causas de mortalidade no Brasil — e soluções como essa reforçam a importância da inovação no cuidado com o coração.