Setor de bares e restaurantes cresce em ocupação, mas falta mão de obra qualificada

O setor de alimentação fora do lar segue em ritmo de recuperação no Brasil, especialmente em estados como a Bahia. Dados da PNAD Contínua, do IBGE, mostram que o número de pessoas ocupadas em bares e restaurantes chegou a 4,758 milhões no trimestre encerrado em abril de 2025 — um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O segmento representa 85% das ocupações do setor de Alojamento e Alimentação.

Apesar do avanço, os empresários enfrentam um velho desafio: a dificuldade em contratar profissionais qualificados. Segundo pesquisa da Abrasel, realizada em março, 90% dos empresários afirmam ter dificuldades para preencher vagas. Os principais motivos apontados são a falta de qualificação (64%) e a baixa procura pelas vagas (61%).

As funções mais críticas incluem sushiman e churrasqueiro, onde 88% dos empresários relatam dificuldades extremas na contratação. Cargos como cozinheiro-chefe (81%) e gerente (78%) também aparecem entre os mais difíceis de preencher.

A carência de profissionais capacitados afeta diretamente a operação dos estabelecimentos, podendo comprometer o atendimento, o tempo de espera e a qualidade dos serviços prestados. Como alternativa, o setor tem adotado cada vez mais o trabalho intermitente, modalidade em que o funcionário é convocado conforme a demanda, com remuneração proporcional ao tempo trabalhado.

Estamos gerando empregos, mas esbarramos na dificuldade de encontrar profissionais capacitados. A ampliação do uso do trabalho intermitente pode ajudar, já que oferece mais flexibilidade para quem estuda ou possui outro emprego”, afirma Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel.

De janeiro a abril de 2025, foram firmados mais de 35 mil contratos intermitentes no Brasil, sendo 79% concentrados no setor de serviços — um indicativo da relevância da modalidade para bares e restaurantes, especialmente em períodos como o verão, festas juninas e datas comemorativas, quando a demanda cresce rapidamente.

A expectativa da Abrasel é que, com mais incentivo à capacitação profissional e políticas públicas voltadas ao setor, esse crescimento na ocupação seja acompanhado de maior qualidade e estabilidade.