Terceiro dia de carnaval: entre a tradição e a emoção

O terceiro dia do Carnaval de Salvador foi um retrato vibrante da diversidade musical e cultural da folia baiana. Entre homenagens ao passado, consagração de artistas consagrados e novas experiências no circuito, a festa mostrou por que continua sendo a mais rica manifestação carnavalesca do país.

No Circuito Dodô, Tony Salles viveu sua estreia em carreira solo de forma apoteótica. Com uma presença carismática e momentos que transbordaram emoção, o cantor interagiu com o público de maneira marcante, em especial ao encerrar sua apresentação ao lado de um folião cadeirante. A imagem de inclusão e entrega resume bem o espírito do Carnaval de Salvador.

Outro grande momento do circuito foi o Trio da Cultura, que trouxe Margareth Menezes e Fafá de Belém para homenagear Luiz Caldas e os 40 anos do axé music. Uma justíssima reverência a um dos maiores artistas da música baiana. Com a presença especial da angolana Pongo, a apresentação ainda reforçou a ligação entre Brasil e África, uma das bases do próprio axé.

No mesmo circuito, Baby do Brasil retornou com “Os Arrebatados”, um trio sem cordas que mistura música e espiritualidade. O momento em que a artista rezou um Pai Nosso antes de iniciar o show foi simbólico. Baby sempre foi uma artista singular, que transcende gêneros e gerações. Seu trio sem cordas reafirma o espírito libertário do Carnaval.

No Circuito Osmar, o BaianaSystem mais uma vez provou ser um fenômeno. O Navio Pirata, com seu visual impactante e sonoridade pulsante, arrastou uma multidão. Russo Passapusso, com sua energia inesgotável, conduziu a pipoca como poucos. É um dos poucos atos que mantêm o espírito contestador e revolucionário do Carnaval vivo.

Outra grande pipoca foi a da Timbalada, que reviveu clássicos da banda e ainda trouxe um passeio pelo repertório do Olodum, gerando momentos de pura catarse coletiva. Os timbaleiros sabem bem o que significa manter viva a tradição do som percussivo da Bahia.

O pagode também teve seu espaço garantido, com Guig Guetto arrastando As Muquiranas e Pagod’art incendiando a galera com hits do pagodão baiano. É um gênero que se consolidou e que, a cada ano, prova ser essencial no Carnaval soteropolitano.

O Fobicão de Armandinho trouxe um sentimento de nostalgia, resgatando o espírito dos antigos carnavais. “Chame Gente” fez a Praça Castro Alves vibrar e mostrou que a sonoridade da guitarra baiana ainda tem seu espaço no coração do folião.

Outro ritmo que não pode ser esquecido é o arrocha, representado por Silvano Salles. O cantor fez a alegria dos apaixonados, provando que o gênero também tem seu público fiel no Carnaval.

Por fim, no palco da Castro Alves, Edson Gomes deu o toque final perfeito para a noite. Em participação no show do filho, Isaac Gomes, o maior reggaeman do Brasil cantou seus clássicos e emocionou os fãs. Um encerramento digno para um dia de celebração da música em todas as suas formas.

O terceiro dia de Carnaval mostrou que a festa continua sendo um mosaico de expressões culturais. Seja no axé, no pagode, no reggae ou no arrocha, Salvador segue sendo a capital da música e da diversidade. E que venham os próximos dias.